Um segundo. É rápido assim. Basta uma simples distração dos pais para a vida da criança correr risco. Que o diga a dona de casa Luciana Santos, 35. "Quando minha filha tinha 1 ano, ela engoliu uma moeda que esquecemos sobre a mesa de cabeceira. Foi só o tempo de eu ir até a cozinha pegar a mamadeira, ela colocou a moeda na boca e começou a tossir", lembra a mãe de Elisa, 4, e Mathias, 1. O que salvou a vida da criança foi a chamada manobra de Heimlich, que a mãe havia aprendido em um programa na TV. Luciana conseguiu fazer a menina desengasgar, a moeda saiu da garganta e deu tudo certo. Naquela mesma semana, porém, outro susto. "Eu tinha feito uma xícara de chá e coloquei na estante da sala, fora do alcance da Elisa. Mas, como ela era uma criança agitada, que mexia em tudo, usou um objeto e puxou a xícara. O chá escorreu pelo móvel e caiu na barriga dela", conta Luciana. Sem ter certeza do que estava fazendo, a mãe colocou a bebê embaixo da água fria do chuveiro e, felizmente, o ferimento não foi tão grave. Esta é justamente a recomendação médica em caso de queimadura.
Situações como essas não são isoladas. Só em 2016, mais de 117 mil crianças de até 14 anos foram internadas em todo o país em consequência de acidentes, aponta um levantamento do Ministério da Saúde. Entre as causas estão afogamento, sufocação, queimadura, queda e envenenamento — o que pode acontecer em qualquer casa. "Os acidentes acontecem desde o início da vida. É raro o filho que não mexa em enfeites e não puxe a toalha da mesa. Criança com energia é criança saudável", afirma a pediatra Cylmara Gargalak Aziz, do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês (SP). "Para evitar riscos, a melhor precaução é criar um ambiente adequado para que ela brinque de forma segura", alerta a médica. Ainda assim, surpresas acontecem, por maior que seja o zelo dos pais. A seguir, conheça as principais emergências pediátricas e saiba o que fazer para prestar os primeiros socorros ao seu filho.
RISCOS — Ferro de passar roupa, babyliss, prancha de cabelo, panela quente, fogão, forno, vela… As crianças não deveriam mexer em nada disso, mas, no dia a dia, um pequeno descuido dos adultos com esses objetos pode levar a acidentes graves. Até mesmo o sol, a água do banho ou uma bolsa térmica, que parecem inofensivos, podem machucar a pele sensível do seu filho. As queimaduras são classificadas de 1º grau (quando a pele fica vermelha), de 2º grau (com bolhas) ou de 3º grau (quando forma uma casca escura ou esbranquiçada).
PREVENÇÃO — Nunca deixe seu filho sozinho na cozinha e opte por um fogão que possua travas no acendimento automático e na porta do forno. Lembre-se de manter as panelas nas bocas mais do fundo do fogão e com os cabos virados para dentro. Fósforos e isqueiros devem ficar em gavetas ou armários trancados.
Não utilize toalha por baixo de recipientes com alimentos e líquidos quentes, pois a criança pode puxar e derrubar tudo sobre ela. Tanto o ferro de passar roupa quanto o babyliss ou a prancha de cabelo precisam ficar fora do alcance da criança o tempo todo, especialmente quando ligados.
Na hora do banho, antes de colocar o bebê na banheira, use um termômetro para medir a temperatura da água (deve estar entre 36,5°C e 37°C) ou o dorso da mão. Em brincadeiras ao ar livre, além do cuidado com o horário da exposição ao sol (até 10 horas ou após as 16 horas), sempre utilize o protetor solar.
S.O.S. — Coloque a área afetada embaixo da água corrente por cinco minutos, para aliviar a dor e limpar o local. Quando a queimadura é pequena, basta lavar e ligar para o pediatra: peça indicação de um hidratante e analgésico. A cura acontece em até uma semana. Corra ao hospital se a área for extensa ou houver bolhas (nunca estoure). A queimadura de sol é como a de fogo. Se a pele está vermelha, ofereça muito líquido para hidratar a criança e fique de olho na temperatura corporal, porque pode dar febre. Caso apareçam bolhas, procure a emergência médica.
RISCOS — Objetos pontiagudos ou de serra ou até uma simples folha de papel. O corte também pode ser consequência de uma queda.
PREVENÇÃO — Mantenha tesouras, facas, pregos, vidros e espelhos fora do alcance dos pequenos. Tenha atenção especial com crianças que começaram a andar ou engatinhar. E, claro, com o piso: quanto mais irregular, mais arriscado.
S.O.S.— Lave o local com água corrente e sabão (neutro) e deixe a área respirar. Para o sangramento cessar, pressione o ferimento de quatro a nove minutos com uma toalha limpa. Caso não estanque, vá ao hospital, pois talvez seja preciso dar ponto. Faça o mesmo se observar algum objeto no corte, como caco de vidro.
"No ano passado, numa viagem, meu filho caiu da cama de madrugada. Foi um barulho estrondoso. Ele chorava de dor, meu coração ficou apertado. Tinha só 3 anos. Ao pegá-lo no colo, me deparei com sangue. Fiquei desesperada. Estanquei o sangramento com uma toalha e corri com meu marido para o PS da cidade. Ele precisou tomar três pontinhos no queixo. Espero não passar mais por isso." @TAMI_DAVI_JHO
RISCOS — Remédios, plantas, produtos de limpeza e cosméticos não têm nada em comum, certo? Errado. Esses produtos podem causar intoxicação nas crianças, especialmente nas mais novas, que levam tudo à boca. A inalação ou o contato com a pele e os olhos também pode ser grave, causando diarreia, dores abdominais, dificuldades para respirar, tontura, queimaduras e até perda de consciência. As substâncias que mais causam envenenamento são esmalte, água sanitária, detergente, perfume, naftalina e desodorante.
PREVENÇÃO —Armazene produtos de beleza e higiene em armários altos. Ao utilizá-los, nunca os deixe destampados ou dispostos em local de fácil acesso. E mais: mantenha os itens de limpeza em suas embalagens originais — quando guardados em garrafas de refrigerante, por exemplo, se tornam mais atrativos. E nada de guardá-los ao lado de alimentos.
S.O.S. — Se o produto caiu na pele ou nos olhos, lave o local com água corrente. Enquanto isso, ligue para o Disque Intoxicação da Anvisa (confira os números de emergência ao fim da matéria). O atendente indicará o melhor procedimento para cada substância.
Caso prefira correr ao PS, leve a embalagem, o produto ou a planta que causou a intoxicação. Se a criança ingeriu algo nocivo, não ofereça nenhuma bebida ou alimento, para não aumentar a absorção do produto. Também não force o vômito (isso machuca mais a garganta).
“Aos 2 anos, quando meu filho estava vomitando muito, sem querer dei o remédio errado. Ele ficou no balão de oxigênio por oito horas no hospital, mas, felizmente, não houve nenhuma reação grave.”
@DANY_GOMESBORGESLEAL
RISCOS—Todos conhecem os riscos que mar, rio, piscina e banheira oferecem, mas a verdade é que apenas cinco centímetros de profundidade podem ser fatais para um bebê.
PREVENÇÃO — O acesso a baldes, bacias e até ao vaso sanitário deve ser bloqueado. Mantenha piscinas infláveis e outros recipientes virados para baixo. No banho, nunca deixe o bebê sozinho. Cinco minutos de asfixia podem gerar danos neurológicos.
A partir de 2 anos, converse e explique que é perigoso correr próximo a piscinas, mergulhar em locais que não dão pé e entrar na água sem um adulto. A partir de 4, tem mais autonomia se souber nadar, mas ainda precisa de supervisão. Na praia, fique perto de um posto de salva-vidas. Se tiver piscina em casa, cerque a área e desligue os filtros. Objetos coloridos que flutuam atraem as crianças, por isso, deixe-os fora da água ao sair. Em vez de boias de braços (que projetam o corpo para frente), até 4 anos, compre as do tipo colete salva-vidas.
S.O.S. — Retire a criança da água e ligue para o Samu. Coloque-a de barriga para cima, estabilize a cabeça, deixe o queixo levantado para desobstruir as vias aéreas. Se ela estiver acordada e respirando, leve-a ao PS. Caso esteja desacordada, verifique a respiração e tente chamá-la. Se estiver respirando, vire-a de lado para que expulse a água engolida. Do contrário, posicione a sua boca sobre a boca e o nariz dela e assopre (nas menores de 1 ano). Nas maiores, tampe o nariz e sopre somente a boca.
RISCOS — Um dos grandes vilões da infância se esconde em grãos, botões, bolinhas de gude, baterias, moedas, peças de brinquedos e pedaços de alimentos. O engasgo que costuma levar ao sufocamento acontece principalmente com crianças que têm entre 15 meses e 3 anos. A entrada da garganta nessa idade tem cerca de três centímetros de diâmetro, o mesmo do rolo de papelão do papel higiênico. Atenção: tudo o que cabe ali dentro pode fazê-las engasgar.
PREVENÇÃO — Mantenha longe do seu filho qualquer objeto com menos de 3 cm de diâmetro. Pode parecer exagero, mas é nos detalhes que mora o perigo. As crianças são curiosas e, entre 1 e 2 anos, levam tudo à boca. Então, não arrisque e redobre a atenção.
Observe os brinquedos antes de oferecê-los, tire de circulação os que contêm peças pequenas ou que se desprendem facilmente, e respeite a indicação de idade na embalagem, além do selo do Inmetro. Não deixe seu filho correr com objetos na boca e evite oferecer alimentos como amendoim, pipoca, bala, salsicha e uva aos bebês.
S.O.S. — Bebê em fase de amamentação engasga com o leite, mas costuma se recuperar em segundos. Chorar ou tossir é bom, sinal de que não está totalmente engasgado. Episódios graves acontecem quando objetos param na faringe, na laringe ou na traqueia, bloqueando a passagem do ar. A criança demonstra dificuldade para respirar, leva a mão ao pescoço e fica agitada. A boca fica arroxeada e ela emite ruído ao aspirar.
Caso consiga ver o corpo estranho na boca dela, retire-o cuidadosamente. Se ele não estiver visível, não tente tirar com as mãos para não correr o risco de empurrá-lo para dentro. Em crianças maiores de 1 ano, tente a manobra de Heimlich: o adulto abraça a criança por trás, com uma mão segurando a outra por baixo das costelas dela e, em seguida, dá um tranco forte e rápido, apertando o tórax da criança para dentro e para cima. O movimento elimina o corpo estranho. Para bebê menor de 1 ano, o ideal é deitá-lo de bruços no colo, sobre a sua coxa, com a cabeça mais baixa que o tronco, e dar tapas nas costas. Se não funcionar, procure o médico mais próximo imediatamente.
RISCOS — Seu filho vai cair muitas vezes. E, talvez, até quebre um osso. As quedas são a maior causa de fraturas em crianças. O acidente pode acontecer com um tombo quando estão aprendendo a andar ou durante esportes e brincadeiras. Os membros superiores, como braço, antebraço, cotovelo, punho e clavícula são os mais suscetíveis.
PREVENÇÃO — Fique perto da criança enquanto ela ainda não souber se movimentar bem. Conforme cresce, reforce a orientação sobre os perigos de certas brincadeiras. Retire os tapetes da casa (ou use antiderrapantes) e não deixe-a andar de meias que escorregam. Fique de olho com o sobe e desce das escadas e dê preferência a brincadeiras na grama, na areia ou em pisos que amorteçam o impacto. Não descuide dos equipamentos de segurança quando seu filho for andar de bicicleta ou de patins.
S.O.S. — Os principais sintomas são dor intensa, dificuldade de se mover, inchaço, manchas roxas e, eventualmente, deformidade no local. Até os 3 anos, a criança não se expressa bem, então observe se está irritada ou evita movimentar o membro. No caso de fratura, imobilize o local, dê um analgésico e vá ao PS. Colocar gelo diminui o inchaço. Se o problema é um dente quebrado, a primeira atitude deve ser lavar a boca da criança com água e verificar os danos. Comprima com gaze umedecida e use gelo para aliviar a dor.
Se o dente for definitivo, leve a parte fraturada ao consultório. Lave-o com água filtrada e enrole em um tecido umedecido ou mantenha em um recipiente com leite ou saliva (da criança).
“Quando tinha 3 anos, minha filha, tropeçou no pufe de casa e caiu. Percebi que ela quebrou o braço. Dirigi com as pernas tremendo até o PS, pegamos congestionamento e ela chorava muito. Ela fraturou o osso rádio. A recuperação foi mais rápida que imaginei.”
@ANALLUZ
RISCOS – Coceira, vermelhidão, tosse, inchaço, vergões na pele, irritabilidade e sintomas respiratórios, como coriza, obstrução nasal e falta de ar: tudo isso pode indicar que o organismo do seu filho está reagindo a algum elemento que, em tese, não é potencialmente nocivo a saúde. Isso é alergia – e nem sempre é fácil de identificar o gatilho.
PREVENÇÃO – No início da vida, a pele e o organismo são sensíveis e não estão acostumados com substâncias mais agressivas – alguns bebês podem ter alergia ao amaciante de roupas, por exemplo. Então, até os 3 anos, evite expor seu filho a cosméticos feitos para adultos e a alimentos artificiais e processados, com corantes e conservantes. Opte por produtos neutros ou formulados para crianças. Lembre-se também de que o aleitamento materno ajuda a prevenir alergias. E fatores como perfume forte, poluição e fumaça de cigarro irritam as mucosas e podem intensificar ainda mais o mal-estar.
S.O.S. – Boa parte das alergias na infância é leve e regride com o tratamento com medicamentos ou evitando o contato com aquilo que desencadeia o problema.
Na primeira crise que o seu filho tiver, é importante levá-lo ao médico para avaliar a gravidade do quadro. Na pior das situações, a criança pode apresentar um choque anafilático (também chamado de anafilaxia), reação rápida e intensa, cujos sintomas aparecem por volta de uma hora após o contato com a substância por trás da alergia. Costuma começar com vermelhidão ou coceira na pele, que atinge o corpo todo em questão de minutos, acompanhada de inchaço nos olhos, na região da glote, na boca e nos órgãos genitais, além de tosse, rouquidão e dificuldade para respirar. A recomendação é manter a criança deitada, com o pescoço reto (para facilitar entrada de ar) e buscar socorro imediatamente.
O tratamento varia para cada paciente, mas, no geral, envolve anti-histamínicos (medicamentos antialérgicos) que podem ser associados a um corticoide.
RISCOS — Os buracos da tomada, que parecem chamar os dedinhos das crianças, podem provocar urn grande estrago. Choques acima de 50 volts (voltagem mais baixa do que a da maioria dos eletroeletrônicos) já podem machucar. Quanto menor o corpo da criança, menor a resistência à corrente. Uma descarga elétrica fraca assusta e causa formigamento, mas um choque intenso pode ser fatal.
PREVENÇÃO – É simples: mantenha seu filho longe de tomadas. Converse com ele e explique que não pode, de jeito nenhum, mexer nesses itens. Os cabos de aparelhos que acabaram de ser retirados da tomada podem conter corrente elétrica e, por isso, não devem ir para as mãos das crianças.
0 ideal também é não ligar mais de um aparelho por tomada, com multiplicadores e extensões, pois isso pode provocar uma sobrecarga de energia. Se precisar usar esses dispositivos, deixe-os em local inacessível, atrás de móveis, por exemplo. As tomadas sem uso precisam ser protegidas com aquelas tampas plásticas indicadas para segurança infantil.
S.O.S. — Durante a descarga elétrica, existe a possibilidade de a criança ficar presa na tomada ou no fio, porque a musculatura trava, o que pode impedi-la de abrir as mãos e se soltar. Se isso o acontecer, não toque nela, ou a corrente passará para você. Primeiro, desligue a força. Depois, use um material isolante, como um cabo de vassoura ou pedaço madeira, para separar seu filho da fonte de energia. Cheque se ele está respirando. Caso não esteja, pode ser necessário fazer uma massagem cardíaca. Ainda que o choque seja leve e que ele não fique grudado na tomada, é importante a avaliação médica. A recomendação é sempre ir ao hospital para excluir a possibilidade de problemas mais sérios.
Matéria original da Revista Crescer.
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