Livros, jogos, aplicativos, brinquedos e as atividades do dia a dia são jeitos gostosos de acompanhar em casa a relação das crianças com esse aprendizado.
J a…bu…ti…ca…a…b… ba! “Jabuticaba!” Você consegue se lembrar qual é a sensação de decodificar uma palavra? E a de acertar uma conta? Lidar com letras e números traz descobertas incríveis. Por isso mesmo, merece ter continuidade também fora da escola.
Na leveza do aprender em casa, a família ganha uma chance de deixar a ansiedade de lado e entrar no tempo da criança. “É uma delícia ver as
hipóteses equivocadas e seu percurso de pensamento”, diz a pedagoga e especialista em alfabetização Denise Pinhas. Ou seja, esse assunto é bem mais do que aprender a contar de 1 a 10 ou decorar o alfabeto. Trata-se de um processo de aquisição de cultura, de entendimento da sociedade em que vive e de como se comunicar e compreender questões emocionais e práticas da vida. Veja o que você e o seu filho podem fazer no dia a dia para criar mais intimidade com as palavras e os números.
O cotidiano vai dar várias ideias para o seu filho ter mais contato com letras e números: como fazer pequenas somas de itens encontrados em casa, numerar partes do corpo, até chegar ao raciocínio de compras e trocos. “Ler a instrução do brinquedo, escrever junto bilhetes na agenda para a professora, ler o cardápio e escolher o prato no restaurante, ter o convite de um aniversário pregado na geladeira para consultar quando e onde será, tudo isso colabora”, diz a educadora Marina Poladian. São oportunidades de entender os vários contextos do uso da escrita e dos cálculos.
Há as tradicionais palavras cruzadas, mas também vários kits com alfabetos e números (de madeira, plástico, de ímãs para geladeira). E do que e com o que você brincava? “Busque referências da sua própria infância: de que jogos gostava? Stop? Memória com letras? Lince? Compartilhe com o pequeno. Para os menores: escrever com canetinha, lousas de giz, lousas mágicas, caça ao tesouro com pistas, blocos com letras e números, peças de encaixe. Para os maiores, alguns jogos mais estruturados, como o Detetive, Cara a Cara, Master”, indica Marina. Mais dicas: se o kit de brincar de médico vem com um receituário, pronto, é hora de escrever (com as cobrinhas mesmo!) do que o “paciente” precisa. Se o faz de conta é de restaurante, além de anotar os pedidos, também dá para contar o estoque: quantas laranjas, uvas ou talheres tem na caixa?
A poesia e as brincadeiras frasais, como adivinhas, trava-línguas ou perguntas “inúteis” como as charadas, quebram essa relação de “verdades e significados” com a palavra. A vida toda brincamos com as palavras, trocamos sentidos, podemos inventar maneiras de dizer o que sentimos. Por isso, o som da palavra e os seus significados podem dar sentido musical aos modos de escrita, do mesmo modo que as cantigas tradicionais.
A qualidade dos livros para a infância, com conteúdos de não ficção como ciências ou biografias, aumenta e melhora (ufa!) cada vez mais. Abecedários e obras que ensinam números entram nessa seção. Para todas as idades, abra, divirta-se e apresente à criança o que for mais interessante. Como referência para mostrar o de 1 a 10, Uma Lagarta Muito Comilona (Eric Carle, Ed. Callis) e Dez Patinhos (Graça Lima, Ed. Companhia das Letrinhas).
Existe uma porção de jogos para celular e tablet para distrair as crianças. No entanto, Marcelo Jucá, escritor, educador e pesquisador do mundo digital, alerta: “No universo de apps encontramos muita coisa mal feita, sem cuidado, ruim. Mas há os que se destacam por conseguir unir, de formas diferentes, o pedagógico e o lúdico ao mesmo tempo. A escolha das cores, da programação e a forma de transmitir os conteúdos faz muita diferença”, diz Marcelo. Entre as dicas do especialista, para brincar com as letras estão o LetterSchool – Escreva Letras!, o Jardim das Letras e o Icruzadinha. No “superapp” Bini Bambini, já há vários tipos de jogos. Todos disponíveis para Android e iOS.
Conteúdo original da Revista Crescer.
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